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O Design, passados alguns anos de seu “nascimento” e primeiros passos, viveu uma longa etapa de amadurecimento e hoje, com a aplicação do computador –
a ferramenta de produção gráfica mais dinâmica e versátil que o designer já conheceu, depois do lápis –, tem a sua frente um novo leque de opções
e possibilidades a serem exploradas. Paralelamente, o Design passa a ser mais solicitado pelo mercado, agora como etapa indispensável em qualquer
criação com fim comercial/industrial. Podemos dizer então que o Design está em sua adolescência, a fase de dúvidas e experimentações, em que as
transformações repentinas e as exigências cada vez maiores do mundo exterior põem em xeque a sua própria identidade e sua própria visão sobre si mesmo.
Ou seja, o Design pubescente entra em “crise de identidade”.

Mas há diferenças entre os “gêmeos” design de produto e design gráfico. O design de produto, estranhamente, está mais perto da definição do que o design gráfico.
A atividade de desenhar produtos e objetos geralmente não é interferida por arquitetos, engenheiros e outros profissionais de áreas similares. O mesmo não acontece
com o design gráfico: diversos profissionais de outros ramos, como já dito antes, se propõem a fazer “Design” – muitas vezes desconhecendo alguns princípios básicos
da atividade – e tiram espaço no mercado dos profissionais que possuem formação específica para tal. O fato de o Design ser até hoje uma profissão sem regulamentação
no Brasil (e na maior parte do mundo) é sintomático: não se pode exigir que a atividade seja limitada na Lei antes de ser limitada na prática.

Interessante é o que se deve notar que, em maior parte dos casos, a visão de Design como “arte” é uma visão externa, ou seja, de profissionais que não são designers,
porém artistas ou arquitetos. E, em contraponto, a visão de Design como comunicação é vinda de dentro, do meio profissional de designers e comunicadores visuais.
Mas, seja o pesquisador artista, seja o pesquisador comunicador, todos parecem concordar com um ponto: o objetivo de comunicar é caráter inerente da atividade do Design.
Design que não comunica não é Design.

Numa entrevista à edição de março da revista “Design Gráfico”, voltada especificamente para este mercado, a designer libanesa radicada no Brasil Emilie Chamie afirma,
em tom de desabafo: “Nem tudo que está impresso é design. Design tem que ter projeto que respeita uma estrutura do começo ao fim. O simples preenchimento de páginas
com imagem e letras não é fazer design gráfico”. Emilie começou a carreira como artista gráfica.

Se não há consenso ainda sobre o que é exatamente o Design, há pelo menos consenso de para que é o Design; ele tem o objetivo de fazer comunicação, ele comunica,
em sua própria natureza. Essa é a razão de seu ser: o Design (seja lá o que ele for), é feito para comunicar. A tal crise de identidade do Design, ainda que longe
de ser resolvida, pelo menos já não o considera um deslocado social, um inútil na comunidade das profissões: ele existe para comunicar através dos elementos visuais.

Apenas como epílogo, batamos de novo na tecla “Design é arte?”. Existe, sim, a arte que é feita para comunicar. E o design, vimos, tem essa função inata.
Mas a diferença reside num ponto fundamental: o caráter intimista ou social. A arte é uma atividade fundamentalmente individualista, introspectiva, introvertida
(de intro, “para dentro” + versus “lado”, voltada para dentro). A comunicação, em oposição, é imprescindivelmente coletiva, pública, extrovertida (voltada para fora).
Neste sentido, é teoricamente impossível o Design ser, ao mesmo tempo, comunicação e arte. E, se de fato for, passará a ser visto como algo ainda mais
fantástico e fenomenal do que já é.